Cracolandia.

Tenho observado, na mídia e na sociedade, muita reclamação sobre a ação da policia na cracolandia, nesse suposto processo de revitalização da região da Luz. Não sou especialista em drogas ou drogado, criminalidade ou administração pública, mas gostaria expor a minha opinião sobre o assunto. Opinião essa, de quem nasceu e cresceu em favelas da periferia de São Paulo, observando, involuntariamente, o comportamento de drogados e traficantes.

Assisti em um telejornal, muitos moradores dos bairros vizinhos, reclamando da migração desses "zumbis", que não podem mais circular em seu "cemitério" (cracolandia), para seus bairros. Conseqüência disso, sempre tem algum especialista, em alguma coisa, expondo soluções para a situação.

Um jornalista esportivo, da rádio de São Paulo, culpava a administração publica, por remove-los da Luz e não os colocar em abrigo adequado. Uma outra matéria sobre o mesmo assunto em um portal (não lembro agora), afirmava que se não fossem capturados todos os traficantes que agem na região, a ação não adiantaria de nada.

Mas eu pergunto. Abrigo ou clinica realmente livra o usuário do vício? Não encontrei a informação em nenhum lugar, mas duvido que mais de 5% dos usuários de crack, consigam se livrar do vício. E mesmo que os usuários se livrem do vício, não será difícil para os traficantes captarem novos clientes, afinal só basta uma experiência, mesmo que seja de graça, para viciar uma pessoa.

Prender os traficantes resolveria? Vejam só! Observando o movimento de consumidores em direção a uma biqueira (termo usado para local de venda de drogas) que vendia crack, próximo ao local onde estudei na zona Sul, a média de compradores era 3 para cada 10 minutos, e segundo os moradores da região, a noite o movimento não era menor.

Ou seja. Se uma pedra de crack custa R$5,00 (ou pelo menos custava), e pelo menos três pedras de crack são vendidas a cada 10 minutos. Uma biqueira pode movimentar em um único dia (+ ou -) R$2.160. Levando em consideração que o crack da um lucro de mais de 300%, e apenas 20% do lucro é a comissão do vendedor, acredito que, se prender o "franqueador" (traficante), será questões de horas para ter outro "investidor" (traficante) em seu lugar.

Eu concluo que a cura não existe. E para cada dependente que conseguir largar o vício, muitos outros se tornarão adeptos a elo. E sempre terá um traficante, enquanto o trafico de drogas for algo extremamente rentável.

A grande verdade é que todo mundo tem uma "solução definitiva" na ponta da língua, ou você nunca falou ou escutou que "é só jogar uma bomba" ou "tinham que inventar uma droga que matasse rapidamente" (alias, o "Oxi" trouxe esperança para quem pensa assim).

Mas como não existe cura, e mesmo que alguém a encontre, eu duvido que ela será exposta, a única solução é a prevenção. Por enquanto, o que resta é continuar apenas observando, e tentando se proteger do reflexo de tudo isso.

Boa noite São Paulo. Ainda estou acordado!

Comentários

  1. gê, como para quase tudo, a solução é a educação. mas o problema é que as pessoas não conseguem pensar em soluções a longo prazo.

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  2. É. Sou a favor de drogas que matam rapidamente.

    To passeando pelos blogs ae, pesquisa de campo. To querendo refazer o meu blog. Boa noite Genildo, ainda estou acordado! Viu, eu leio seu blog!

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  3. Realmente a solução é educar, porém enquanto não votarmos corretamente não irá mudar.

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