Falar gíria bem, até papagaio aprende!
O título deste post é um trecho da música Eu Sou 157 do grupo rapper nacional Racionais mc’s. A letra me fez perguntar se as gírias faladas viram gírias cantadas. Ou é o inverso?
É lamentável escutar alguns jovens da periferia falando, não gíria, porque ao meu entender, é possível se comunicar com gíria sem castigar a nossa tão complexa língua portuguesa, mas eles não fazem o menor esforço para falar da maneira correta. Alguns até fazem questão de falar totalmente errado, como se fosse uma tag de identificação ou uma característica dos jovens da periferia que curtem rap.
Não acho isso um crime. Sei que, infelizmente, é conseqüência de vários fatores que nos cercam, mas o fato é que esses jovens fazem de suas palavras o que eles escutam nos raps. Então, porque não usar isso para melhorar o vocabulário deles?
Quando criança, vi meu irmão chegar em casa com o primeiro álbum dos Racionais Mc’s, cujo título era Holocausto Urbano. Apesar de o rap nacional viver uma euforia com Thaide, Pepeu e outros, jamais havia se escutado algo que representasse tanto os jovens, brancos e negros, da periferia. Assim, muitas das expressões cantadas pelos rappers eram cada vez mais utilizadas pelos jovens.


Já eu me sentia muito mais representado com o segundo vinil dos Racionais Mc’s, o Escolha o Seu Caminho. Mas o álbum não fez o mesmo sucesso do primeiro e menos ainda do que o seu sucessor Raio X Brasil. Mano Brow, líder do grupo, em uma entrevista para a revista Teoria e Debate, nº 46, assumiu mudar o estilo de compor suas letras depois do álbum Escolha o Seu Caminho, para, segundo ele, “não parecer um professor universitário falando”. Realmente as duas músicas Negro Limitado e Voz Ativa tinham expressões pouco utilizadas e até desconhecidas pelos jovens da época. Mas, não deve ser esse o caminho para, mesmo que de maneira sutil, contribuir para o desenvolvimento dos jovens?
Um bom exemplo disso, é a música Política (1995) do grupo rapper Athalyba & A Firma, que em minha opinião, e na de muita gente, é a melhor letra do rap nacional de todos os tempos. Mesmo sendo a mais recheada de palavras que necessitam de dicionário para compreensão. O seu conteúdo me estimulou a pesquisar o significado de várias palavra e expressões, como “vida cívica”, “rústica”, “cênica”, “céfalo”, “cético”, “ínfimo”, “paradoxo”, “sátira”, “tácita” e outras mais. Recomendo que você clique no link e a escute.
Lembrei também de uma entrevista do rapper X, do grupo Cambio Negro, para a MTV (1993 ou 94), que no auge do sucesso da sua música Sub-Raça afirmava ser fã de dicionário e recomendava seu consumo.
Hoje, principalmente quando estou entre os “manos” na periferia, procuro me expressar um pouco melhor, e sem abrir mão da cotidiana e prazerosa gíria. Afinal, falar gíria bem até papagaio apreende, mas, falar gíria, da maneira correta é melhor, até mesmo para o papagaio.
Boa noite São Paulo. Ainda estou acordado!
Boa noite São Paulo. Ainda estou acordado!

Isso é complicado mesmo. Parece ser status falar errado na periferia... talvez as musicas influenciem demais no vocabulário, até pq hj eu ouço mta gente falar palavras que vem do funk carioca!
ResponderExcluirCaro Djehnneywhyold, parabéns pelo blog!
ResponderExcluirAbraços!
Pô Seu Genewild, num vai rolar mais atualização nesse blog não? Geral ta sedenta esperando por novas palavras.
ResponderExcluirninguem influencia nada a ninguem cada um pensa de um jeito, e faz o que quer.
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