A dura consciência do racismo

Quando criança, muito antes de escutar os Racionais Mc's pedindo para os racistas otários os deixarem em paz, tomei conhecimento da palavra racismo e tive uma certa noção do seu significado e do que aconteceu em um passado não muito distante. Isso, depois de assistir uma série da TV americana que passou no SBT por volta dos anos 80. Essa série chamava-se “Raizes” e contava a história do escravo Kunta Kinte e seu sofrimento.

Como eu era criança, não conseguia entender o porque de um ser-humano aplicar à outro tamanho sofrimento e dor. Questionando incansavelmente minha mãe sobre aquilo que eu assistia na TV, e depois de semanas de explicação, me senti indignado por esse passado da humanidade e como se tivesse participado dos atos infligidos aos negros, senti vergonha da cor da minha pele.

Acho que o objetivo da série não era apenas retratar os fatos, mas também chocar as pessoas expondo o sofrimento e a crueldade. Afinal, o tema da abertura, que só agora descobri que não era original da série, mas que foi introduzida na abertura pelo SBT, já parecia um doloroso pedido de liberdade.

 Definitivamente, aquilo foi demais para mim, pois me sentia envergonhado quando estava na presença de outra criança negra, como se devesse um imenso pedido de desculpa a ela. E desejei ter nascido negro, simplesmente, para ser da cor do infligidor das chicotadas, que tanto vi na TV.

Posso estar equivocado, mas acho que eu poderia ter tomado conhecimento desse passado sombrio da nossa humanidade de outra forma. Talvez por isso, eu goste tanto do filme HairSpray e não vou tentar aqui descrever minhas razões (até porque nem eu as entendo), mas adoro acreditar que um dia a alegria e o amor caminharam lado a lado na busca pela igualdade.


Claro, sem esquecer desse passado.



Boa noite São Paulo, ainda estou acordado!

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