Não existe futebol no Egito?


Podemos observar, nesses últimos dias, as manifestações do povo egípcio contra o governo ditatório de Hosni Mubarak. Na verdade, eles não protestam pelo fato de ser uma ditadura, já que Mubarak está há 30 anos no poder, Mas, sim pela situação geral do país, em relação a frágil economia, desemprego e baixo nível de desenvolvimento. E inspirados pela revolução na Tunísia exigem o fim do regime de Mubarak.

Tenho assistido a tudo isso com certa inveja do povo egípcio. Não pela situação do povo, mas pela sua coragem. Não estou me referindo ao fato de eles enfrentarem, de peito aberto, os militares durante as manifestações. Mas, pelo desejo de mudança, a qualquer custo, mesmo que pessoas morram - no caso, já passam de 500.
Hoje, aqui no país, se temos manifestações populares, são contra algum time de futebol, que apresente rendimento abaixo do esperado, ou para lotar estádios para assistir ao anúncio de alguma contratação de salário astronômico. No máximo, vemos alguns poucos (proporcionalmente falando) se manifestando pelos diretos de muitos. Como os estudantes que recentemente protestaram contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo.

É claro que nem sempre foi assim. Não podemos nos esquecer das muitas vidas perdidas na época da ditadura militar, onde o país inteiro se mobilizava, e sofria não mão dos militares, pela mudança do regime político. E também do movimento dos “Caras pintadas” que, com as manifestão de até 750 mil pessoas em todo o Brasil, conseguiram derrubar o então presidente Fernando Collor de Mello.

Agora, já imaginou se o povo brasileiro tivesse a coragem e desejo de mudança do povo egípcio? Bom, em minha opinião, não haveria essa cadeia de ajustes salariais que observamos constantemente no executivo e no legislativo. Pergunto-me! Como não houve uma mobilização nacional contra o vergonhoso aumento salarial concedido pelos deputados a eles mesmos? Será que ninguém percebeu que os papeis foram invertidos, pois os políticos deveriam trabalhar pelo bem do povo e não contrário.

Gostaria que existisse aqui nesse país, alguém como o personagem “V” do filme “V de Vingança” onde o protagonista, interpretado por Hugo Weaving, que além de carismático e habilidoso na arte do combate e da destruição, convoca seus compatriotas a se rebelar contra a tirania e a opressão do governo de uma Inglaterra futurista, provocando, de uma maneira até assustadora, uma verdadeira revolução.


Bom, acho que os egípcios não gostam de futebol, ou talvez eles tenham por lá alguém como o personagem “V”. Pra falar a verdade, depois de ver pela internet, as manifestações que chegam a reunir mais de 100 mil pessoas só na cidade do Cairo, acho que todos os egípcios têm um pouco de personagem “V”.

Boa noite São Paulo! Ainda estou acordado!

Comentários

  1. Cara, sabe pensei o mesmo qdo vi todos esses episódios q vc citou? Fico vendo no twitter, qtos assuntos quase nada relevantes entram no TT em questão de segundo e SEMPRE tem brasileiro no meio. Mas uma coisa é óbvia: enqto nossos heróis forem jogadores de futebol, só teremos protestos como o da torcida do Corinthians!

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  2. Isso acontece de tempos em tempos em todo lugar.... demoraram 30 anos para fazerem lá....
    Aqui também demoraram a explodir as manifestações que tivemos, enfim.... esse tipo de coisa não acontece toda hora em lugar nenhum... os egipcios não são melhores ou mais espertos que nós.... apenas estão no momento de deles, que certamente foi motivado por uma grande crise que incomodou muita gente (e muita gente poderosa)
    Guilherme

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